Dólar em Alta: Julho Pode Trazer Mais Surpresas?
Decisões de Juros no Brasil e EUA Influenciarão a Moeda
Isso, claro, se nenhuma expectativa macroeconômica se alterar de forma significativa. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central (BC) da primeira semana de julho, a previsão para o fechamento do ano coloca a taxa do dólar bem acima dos R$ 5,20 estimados pelos economistas. A projeção vem subindo rapidamente, estando em R$ 5,05 há um mês.
Apesar da volatilidade registrada pela moeda, especialmente na reta final de junho, diante dos ataques do presidente Lula ao Banco Central, a política monetária externa, principalmente dos EUA, será crucial para ditar os rumos da divisa.
Lula Alerta sobre a Alta do Dólar
Nos Estados Unidos, a atenção aos discursos de Jerome Powell, presidente do Fed, e aos dados econômicos importantes, como o relatório de empregos, será essencial. Um tom mais rígido de Powell ou sinais de fraqueza no mercado de trabalho podem influenciar a trajetória do dólar, afetando as expectativas de cortes de juros, comenta Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank.
No Brasil, além do embate entre Lula e Roberto Campos Neto, presidente do BC, a questão fiscal deve ser acompanhada de perto, especialmente considerando preocupações com o orçamento comprometido e a falta de cortes de gastos. “A combinação dessas dinâmicas pode trazer movimentos voláteis no câmbio ao longo do mês”, afirma Bazzo.
Incertezas sobre Política Monetária nos EUA
As incertezas sobre o possível início do ciclo de cortes na política monetária dos EUA podem reduzir a liquidez no mercado internacional. A cautela nas negociações pode garantir mais um mês de dólar forte. Matheus Pizzani, economista da CM Capital, destaca que os principais dados de atividade econômica e inflação, como o payroll, divulgado na próxima sexta-feira (05/07), serão determinantes.
Pizzani também menciona que questões sazonais podem amenizar o impacto sobre o câmbio local no Brasil. Segundo ele, a balança de pagamentos pode gerar um influxo significativo de divisas neste período, especialmente pela exportação da maior parte da safra de commodities agropecuárias.
Comportamento do Dólar em 2024
O comportamento da moeda americana nos últimos seis meses é resultado de uma combinação de fatores internacionais e domésticos. Matheus Pizzani explica que o primeiro fator é o “processo de reversão das expectativas do mercado acerca de uma possível condução mais dovish (branda nos juros) pelo FED”. O segundo fator é doméstico, envolvendo o debate sobre a política econômica brasileira, com destaque para a questão fiscal e as incertezas sobre o futuro das contas públicas.
Apesar da expectativa de estabilidade, Guilherme Morais, analista da VG Research, alerta para a possibilidade de mais volatilidade, especialmente com a proximidade das próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC e do FOMC. “Até lá, os dados econômicos divulgados semana a semana irão ajustar o que cada Banco Central deve realizar e indicar para os próximos meses”, conclui Morais.
Por Alex Oliveira para o Informativa PE