Por que a Geração Z e os Millennials Evitam Atender o Telefone?
“Oi, aqui é a caixa postal de Yasmin Rufo. Por favor, não deixe mensagem, porque eu não vou ouvir, nem ligar de volta.”
Embora isso não seja o que minha caixa postal diz, bem que eu gostaria! E acredito que muitos jovens da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) e dos Millennials (nascidos entre 1981 e 1995) também pensam o mesmo.
Por Alex Oliveira para o Informativa PE
Uma pesquisa recente revelou um dado curioso: 25% das pessoas entre 18 e 34 anos simplesmente nunca atendem o telefone. Em vez disso, elas ignoram a chamada, respondem com uma mensagem de texto ou jogam o número no Google para ver quem está tentando contatá-las.
Esse levantamento, feito pelo site Uswitch, entrevistou 2 mil pessoas e revelou também que quase 70% dos jovens dessa faixa etária preferem enviar uma mensagem do que atender a ligação. Para quem é mais velho, isso pode soar estranho, mas para nós é quase regra.
Do telefone fixo ao SMS salvador
Meus pais, como tantos outros, cresceram disputando o telefone fixo no corredor de casa para bater papo. Já eu, bem, fui fisgado pelos SMS. Desde o momento em que ganhei meu primeiro celular – um Nokia prata, fruto do meu esforço economizando cada sentavo do meu trabalho – passei a viver em mensagens de texto. No meu tempo, eram apenas 160 caracteres por mensagem, o que me fazia cortar vogais, espaços, e comprimir a frase ao máximo para evitar cobranças extras.
E ligação de celular? Caríssima! Eu faziam questão de me policiar:
“Esse celular não é pra você ficar batendo papo a noite toda com meus amigos”.
Então, a alternativa era sempre recorrer às mensagens.
Crescemos assim, adaptando-nos a uma forma de comunicação onde as chamadas eram só para emergências, e o telefone fixo era reservado para falar com os avós. Segundo a psicóloga Elena Touroni, essa falta de hábito em falar ao telefone fez com que, para muitos jovens, isso agora pareça algo esquisito, “fora da nossa zona de conforto”.
Ansiedade em formato de chamada
Hoje, quando o telefone toca (ou vibra, porque sejamos sinceros, ninguém abaixo dos 35 anos usa toque sonoro), o pânico toma conta. Mais da metade dos entrevistados na pesquisa acredita que uma ligação inesperada significa más notícias.
A psicoterapeuta Eloise Skinner atribui isso à sensação de que as chamadas trazem uma carga negativa, uma “preocupação de que algo ruim está por vir”. Com a correria do dia a dia e a imprevisibilidade da rotina, ligações passaram a ser vistas como reservadas para assuntos importantes – e muitas vezes, difíceis.
Para Jack Longley, de 26 anos, o motivo é simples:
“Ou é um golpe, ou é telemarketing. Melhor ignorar logo.”
Conversar que não param… por mensagens
Mas não se engane: não atender chamadas telefônicas não significa que os jovens não se comunicam. Pelo contrário, os grupos de mensagens são praticamente um fluxo constante de memes, fofocas e, ultimamente, mensagens de voz.
Aliás, as redes sociais como Instagram e Snapchat facilitaram ainda mais essas interações, permitindo a troca de mensagens acompanhadas de imagens e vídeos. No entanto, o uso das mensagens de voz é um ponto de divisão: 37% dos jovens entre 18 e 34 anos dizem preferir essa forma de comunicação, enquanto apenas 1% das pessoas de 35 a 54 anos compartilham dessa preferência.
“A mensagem de voz é como uma ligação, mas muito melhor”,
diz Susie Cavalcante, de 19 anos. “Você ouve a voz da pessoa, mas sem a pressão de responder na hora.” Já para mim, ouvir longos áudios cheios de “ahn” e “tipo” pode ser mais irritante do que prático – algo que um simples texto resolveria rapidamente.
Fobia do telefone no trabalho
Se na vida pessoal as ligações já causam ansiedade, imagine no ambiente de trabalho. Heryck Nelson de Alencar, advogado de 31 anos e criador de conteúdo, tem vídeos hilários sobre o que ele chama de “millennials à beira de um ataque”. Um deles, claro, envolve um funcionário fazendo de tudo para evitar atender uma chamada.
Segundo ele, as ligações telefônicas trazem a “pressão de responder na hora, a possibilidade de se embaraçar e a exposição a uma intimidade que você pode não estar preparado para”.
Dunja Relic, advogada de 27 anos, concorda e diz que, no trabalho, evitar chamadas é uma maneira de economizar tempo.
“Muitas dessas conversas poderiam ser resolvidas com um simples e-mail.”
Por outro lado, o empresário Jaime Holton, de 64 anos, conta que os jovens da sua equipe raramente atendem suas ligações, muitas vezes respondendo com mensagens automáticas ou alegando que o telefone estava no silencioso.
O futuro das ligações telefônicas
Então, será que a comunicação por texto e a popularidade do trabalho remoto estão nos afastando das conversas informais e das conexões mais profundas? Skinner alerta que podemos estar perdendo uma forma valiosa de criar proximidade.
Por outro lado, para Ciara Brodie, gerente de 25 anos, nada supera uma boa ligação. “Quando meu chefe me liga, sinto que ele valoriza realmente a conversa. Faz eu me sentir conectada, especialmente nos dias de trabalho remoto.”
Alguns podem acusar as novas gerações de serem “sensíveis demais”, mas na verdade, é tudo uma questão de adaptação. Assim como abandonamos o fax há décadas em favor dos e-mails, talvez seja hora de reconhecermos que as ligações telefônicas estão ficando para trás. Quem sabe, em 2024, possamos aposentar de vez as chamadas – e continuar a nos comunicar de forma eficiente, no nosso próprio ritmo.
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Os nomes dos entrevistados foram modificados para preservar a indentidade e suas privacidades